No último domingo estive com Taku Kosugi, um rapaz japonês cheio de poesia no coração que percebeu o quanto se pode falar de sentimentos através das imagens. Ele estudou a caligrafia japonesa (SHO) com a sua avó e logo percebeu que poderia ser um meio de expressão das suas emoções.
Através de uma posição muito concentrada, com gestos que acompanham a sua emoção, faz surgir imagens que são mais do que palavras.
"O mar é o caminho eterno"
Assim expressou Kosugi ao referir-se a uma ligação entre Portugal e o Japão. Ambos que tem uma ligação especial com o mar.
terça-feira, 24 de abril de 2018
quinta-feira, 19 de abril de 2018
Vamos à festa!
É bom inventar rituais para celebrar certas ocasiões. Fazê-lo é um dos
ensinamentos que melhor nos podem ajudar. Todos podemos aprender a ser nobres,
a manifestar um sentido de dignidade que possa encarnar em cada uma das nossas
acções (…) É este o verdadeiro sentido da festa.[1]
O filósofo francês Fabrice Midal refere que segundo Nietzsche, “a festa
é a maneira de aprovar a vida de forma incondicional, de ultrapassar o
niilismo, o ressentimento e o ódio larvar que a tudo corrompe. Na festa, todas
as angústias e as tristezas são reconhecidas, sem que tenhamos de as negar ou
de as esquecer”. Compreendemos então que a festa é uma vivência
profunda do real, sendo o contrário de uma fuga ou explosão de divertimentos
escapistas.
O autor continua, sobre sua citação de Nietzsche, que na Grécia Antiga “dedicavam-se,
a uma espécie de festa a todas as suas paixões e a todas as
suas pérfidas inclinações, e que tinham mesmo instituído, por
intermédio do Estado, uma espécie de regulamentação para celebrar aquilo que
para eles era demasiado humano. Isto era tido como algo inevitável e preferiam
em vês de o injuriar, atribuir-lhe uma espécie de direito de segunda ordem,
introduzindo-o nos hábitos da sociedade e do culto”.[2]
No desenrolar de uma festa e de um ritual percebemos uma variedade de
manifestações criativas e artísticas, como a introdução de músicas, ornamentos
e enfeites, roupas, cores, danças, alimentos, cheiros, versos e rezas.
A envolvência nesses elementos leva-nos a
vivenciar uma enxurrada emoções!
"Este é o verdadeiro sentido da festa!"[3]
Na festa não nos perdemos, nos encontramos. Entramos pessoas, sentimentos,
encontramos o melhor e o pior de nós próprios. Vestimos máscaras, tiramos
máscaras. Midal refere que a festa não é uma fuga. A festa enquanto ritual concentra-nos no que nos faz mais sentido e numa vida estetizada, a
partir de um ponto de vista poético, com nuances de cores, com formas que nos
completam. Um encontro a uma gestalt do Eu, num sentimento de forma
integrada, estabelecida pela capacidade de perceção diferenciada de si
mesmo, ampliada e total.
Um processo criativo é um ritual e uma festa, e é repleto
de métodos que expressam aspectos de si mesmo. A espontaneidade também lá está,
uma vez que através da festa abrimo-nos para uma experiência que muito se
utiliza do imaginário e da criatividade.
Criar é uma festa!
quinta-feira, 12 de abril de 2018
Venenos e autoconfiança
Muito se fala sobre as pessoas tóxicas que possivelmente podemos conviver ou venenos que podemos provar...
Manter o equilíbrio entre confusões relacionais às vezes parece impossível, mas a consciência ampliada e ao mesmo tempo o foco nas próprias emoções proporcionam alguma da segurança desejada - a tal da autoconfiança. A imagem que me vem à cabeça são as ginastas olímpicas que fazem saltos, movimentos fantásticos, com um equilíbrio perfeito, em barras muito finas... De vez em quando o pé resvala... de vez em quando se cai... mas elas se levantam e começam tudo de novo.
Há pessoas tóxicas sim, mas elas estarão sempre lá... não adianta muito fugir... a distância está dentro da gente, no próprio sentir. Na decisão de tomar ou não o veneno que nos oferecem. Porquê assim o problema será sempre por causa dos outros (e não dos outros), quando na verdade o sentir é nosso.
E se o problema é dos outros, então onde está o problema?
Já agora, o trabalho corporal em Arte-Terapia é integrado com as artes plásticas sendo altamente expressivo e com um enorme potencial de elaboração criativa. Também não preciso dizer o quanto dançar é libertador... Não é a toa... Com movimentos corporais muito simples podemos promover uma visão diferenciada de si mesmo e trabalhar para o desenvolvimento de mais autoconfiança, mais auto-estima e uma noção mais real da própria capacidade de renovação.
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